Friday, March 9, 2007

Conversa com maquinas - culpa da escada

É noite de sexta-feira, minha preferida para sair, passear e curtir a cidade. Mas estou em casa sozinha conversando com algumas máquinas. Que boba, você pensou... mas não é bem assim. Vou contar o que aconteceu.

No fim de semana passado sai com meu filho e meu marido para comprar ingresso para o show do Aerosmith que virá a São Paulo no mês que vem. Na mesma bilheteria, estava anunciado um show que há muito eu queria ver, então aproveitei para convencer os dois a irmos na sexta-feira a noite. Depois de algumas caras feias acabaram topando e compramos uma mesa, bem localizada, numa boa distância e de frente para o palco.

Chega sexta-feira, hoje, e enquanto os dois estão assistindo ao show a contragosto neste momento, estou em casa conversando com as máquinas. Ironia, sim, azar, também. Pouco antes de sairmos para a Casa de Shows, caiu uma tempestade violenta na cidade. Os ventos eram fortíssimos e a quantidade de água absurda. Com certeza deu para encher muitas provetas! Como logo suspeitei que poderia acontecer, veio o apagão, que continuará por mais duas horas segundo a previsão da Companhia de Energia Elétrica. Como que por ordens médicas estou proibida de subir e descer escadas e moro no 10. andar, não me restou mais nada além de convencer meu filho e meu marido que era melhor perder uma entrada, que não foi nada barata, do que três, além do que, cá entre nós, o humor deles não ia ser dos melhores tendo que ficar em casa sem poder usar TV ou computador.

Decidi abrir um vinho, comer o capeletti ao funghi com escalope a parmegiana que trouxemos do restaurante ontem e que está uma delícia e ligar para um monte de gente para bater papo no escuro. Já liguei para quatro pessoas, falei com secretárias eletrônica brasileiras e americanas, vozes masculinas e femininas... é sexta-feira a noite... ninguém está em casa. Nem os celulares estão atendendo. Meu irmão deve estar no avião, os outros talvez no cinema, talvez num bar ou restaurante agitado, onde a conversa ou a música alta sobressaia ao toque do celular, ou ainda em alguma casa de shows.

Well, paciência. Ainda bem que meu ibook, que também fala, está com a bateria carregada! Tin-tin

Sunday, February 25, 2007

Não ação e reação

Não sei se Newton era pai, mas se fosse saberia (informado pela mãe de seus filhos) que "Para cada não ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade." Assim sendo, são as mães que geralmente sofrem as conseqüências das não-ações.
Explico: Se uma filha ou um filho, seja lá em que parte do mundo esteja, não telefonar para dizer como está, a mãe tem insônia.

Friday, February 23, 2007

Aulas de piano

Comecei a aprender piano ainda muito pequena, tão pequena que as notas das partituras tinham desenhos por cima para que eu pudesse identificá-las. A nota dó tinha um 'dado' desenhado ao lado, o ré uma 'coroa de rei', o mi um 'gato', o fá uma 'faca', o sol é lógico que tinha um 'sol cheio de raios', e o lá .... não me lembro bem, mas acho que era um 'lápis'. Se esse processo mnemônico parece lógico para alguém, posso garantir que para mim, com mais ou menos cinco anos, não era. Eu achava a letra dó mais parecida com o planeta saturno do que com um dado... aliás, em nada me lembrava um dado, pois este tem a forma de cubo enquanto que a nota dó era ovalada com um traço no meio; para mim era saturno por qualquer ângulo. Idem para as demais notas. A coroa do rei me lembrava contos de fadas e o gato, a Dona Chica. Com exceção do sol, as demais só complicavam.

Minha professora era uma prima/tia (mais para tia porque já devia ter uns 40 anos), muito boazinha e alegre, mas não quando estavamos ao piano. Não lembro quanto tempo durava a aula, mas meu irmão mais velho começava primeiro, depois minha irmã, e o tempo que sobrava era para mim, quando sobrava. Lembro que muitas vezes me sentia feliz de conseguir tocar alguma sequência de notas sem errar. Mas imagino que aguentar três crianças devia ser muito irritante para minha prima/tia e na minha vez ela já não tinha paciência. Esticava minha mão ao máximo para que eu alcançasse de dó a dó, e gritava por eu não conseguir. Se com a mão que tenho hoje já não é tão simples, imagine naquele tempo! O pior de tudo era quando eu errava e ela me batia no meio da cabeça com os nós dos dedos com seu punho fechado. Covardia... eu não podia nem reclamar.

Minha prima/tia faleceu neste carnaval, já velhinha, imagino que ainda sorridente já que não ensina piano há muito tempo. Há mais de 15 aos que não a vejo. Ainda sinto os 'coques' na cabeça (é assim que ela chamava sua ação disciplinatória). Não sei ler partitura e só toco três músicas no piano... as três que ela me ensinou.